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Conan, O Rapaz do Futuro
H I S T Ó R I A
Julho de 2008 D.C.
A Humanidade enfrentava os fogos da aniquilação.
Super armas electromagnéticas,
de longe mais destrutivas do que as armas atómicas,
provocaram o desaparecimento quase instântaneo de metade do mundo.
A Terra foi abalada por enormes perturbações tectónicas.
O seu eixo deslocou-se.
Os cinco continentes foram completamente desfeitos
e afundaram-se no oceano.
A série é composta por 26 episódios e a acção inicia-se no ano de 2028, após uma 3ª
Guerra Mundial, num cenário de esperança em que a natureza impõe a sua força sobre
uma Terra completamente destruída. É com esta esperança que nasce uma nova filosofia
de vida, levada a cabo pelo Conan e seu avô, mas que continua a contrastar com a força
maléfica da Industria (uma cidade feita à imagem da Terra antes da guerra). Este ponto
vem contrastar com algo de clássico em muito Anime (animação japonesa) que é a
inexistência de forças benéficas e maléficas distintas.
Conan é um rapaz de 11 anos que nasceu na Ilha Remnant e após a morte de todos os outros
sobreviventes da nave que aí tinha caído (numa fuga falhada à 3ª Guerra Mundial) fica a
viver com o "avô". Lana, uma rapariga também com 11 anos, aparece logo no primeiro episódio
e vai revelar-se uma peça crucial no destino da humanidade, tal como o Conan.
A história, apesar de baseada num livro de Alexander Key ("The Incredible Tide"), é quase
toda original e exibe muitíssimo a visão de Miyazaki (que aliás nem gostou muito do livro).
Durante o primeiro episódio apercebemo-nos que a Lana é perseguida por humanos
detentores de tecnologia e que parecem, segundo a visão do avô (que parece coincidir
muito com a de Miyazaki), não ter "aprendido a lição" dada pela guerra. Conseguindo
atingir o seu objectivo, acidentalmente matando o avô, levam Lana para um local chamado
Industria.
Conan não desiste da ligação que estava a formar com a primeira rapariga que vira
na vida e deixa a ilha para se pôr a caminho de Industria... contar mais seria
estragar uma história cheia de surpresas.
A nível artístico são de destacar os cenários desenhados
com uma perfeição que se aproxima muito dos trabalhos mais recentes do mesmo autor.
Apesar do ano de produção (1978) a animação é bastante fluida e são poucos os erros muito
comuns nesta época (e que se podem ver em séries dos mesmos estúdios).
Aliás, esta é mais uma série dos estúdios da Nippon Animation, de onde sairam clássicos
como a "Heidi" e a "Ana dos Cabelos Ruívos." O número de pessoas envolvidas neste projecto
quase ultrapassa a centena e são de destacar nomes como Isao Takahata (grande amigo de
Miyazaki e realizador da "Heidi", "Marco" e "Ana dos Cabelos Ruívos") e Yasuo Otsuka
(partilhando com Miyazaki o Design de personagens).
Focando um pouco mais este ilustre desconhecido para a maior parte dos ocidentais, para
quem Hayao Miyazaki não é ainda sinónimo dos melhores filmes de animação para crianças (e
não só), ficamos a conhecer uma carreira de sucessos com filmes aclamados por conhecedores
em todo o mundo (por exemplo pelos autores de Toy Story e mesmo do Mulan). O Conan é um
bom exemplo de como é possível fazer animação de qualidade capaz de chamar a atenção das
crianças e mais velhos, de transmitir alegria e comédia, sem usar argumentos sem qualidade
e violência gratuita.
Curiosamente é facil encontrar filmes actuais que seguem esta mesma visão e que
foram, em parte baseados nesta série. Temos o exemplo do Watter World que
também exibe uma terra pós guerra mundial, onde quase todos os continentes foram engolidos
pelo mar, mas onde, contudo, se explora uma faceta muito menos esperançosa e purista.
Para os mais conhecedores será talvez fácil estabelcer uma ligação directa
entre o Conan e a Lana e os dois personagens principais do filme
"Laputa, the Caste in the Sky" (1986) Pazu e Sheeta. Neste filme Miyazaki
cria um universo mítico em que Pazu e Sheeta são levados em busca da cidade
voadora (Laputa) que o pai de Pazu tinha visto (e fotografado) anos antes da
sua morte. É um filme cheio de acção áerea e com cores e cenários fantásticos,
para não falar na banda sonora do compositor japonês
Joe Hisaishi.
Outra série de animação que segue muito a linha do argumento do Conan
foi criada pela Gainax antes do sucesso de Evangelion. Chama-se
"Nadia, and the Secret of Blue Watter" (Fushigi no Umi no Nadia)
e conta uma história que se passa no fim do século XIX, com início em Paris,
e que também leva dois herois por um universo com muito em comum com o de Conan.
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