Está lá?

Se é daquelas pessoas que procuram amigos realmente especiais, mas não os conseguem encontrar em nenhum lado, então não desespere, pois é muito possível que daqui a uns tempos o seu desejo se concretize. Acontece que um cientista meio louco, de nome Frank Drake, resolveu pôr a massa cinzenta a trabalhar e tentou calcular o número de civilizações extraterrestres capazes de comunicar connosco.

Como todo o bom matemático, resumiu a sua teoria numa pequena fórmula:

N = N* x fp x ne x fl x fi x fc x fL

Ao contrário do que é vulgar, esta fórmula matemática é bastante simples, nada que um cibernauta não consiga compreender.

A letra N, por estar isolada num lado da equação, representa o número de civilizações extraterrestres na Via Láctea que poderão ter meios para comunicar com a raça humana, o resultado que Drake pretendia calcular. Para que N exista, temos outros sete factores dos quais depende directamente:

  • N*, o número de estrelas na Via Láctea;


  • fp, fracção dessas estrelas que possuem planetas girando em tomo delas;


  • ne, parte desses planetas com condições ecológicas semelhantes à da Terra, permitindo o aparecimento de vida;


  • fl, quantidade desses planetas em que existe realmente vida;


  • fi, fracção de planetas nos quais evoluiu uma forma de vida inteligente;


  • fc, probabilidade dessa vida evoluir constituindo uma civilização técnica capaz de conceber engenhos para comunicar connosco (objecto de pesquisa de programas como o S.E.T.I.);


  • fL, no fim da lista, quantifica a duração da própria civilização que acumulou as condições anteriores (não queremos que eles desapareçam sem dizer nada);
  • Representando todos as incógnitas começadas por f uma fracção entre 0 e 1.

    Realmente as incógnitas são muitas, mas por meio de alguma especulação podem ser substituidas por valores relativamente credíveis, e foi isso que o Sr. Carl Sagan fez na sua biblia da Astronomia Cosmos, distribuido em Portugal pela Gradiva.

    Os primeiros valores, número de estrelas na Via Láctea e quais deles têm sistemas planetários, são relativamente bem conhecidos e precisos. O problema da precisão resulta dos últimos sobre os quais quase nada se sabe, por exemplo, para o útlimo factor nao existem quaisquer dados visto nos próprios so nas ultimas decadas termos atingido o ponto, correspondente a fc, em que temos capacidade de comunicar com outras civilizações

    O número de estrelas da Via Láctea foi calculado em 4 x 10^11 (4 x 100 000 000 000), sendo grande parte delas estáveis. A percentagem dessas estrelas que contenham sistemas planetários deverá ser relativamente elevada segundo simulações em computador e basendo-se nos sistemas de luas dos planetas exteriores do nosso sistema solar, bem como o resultado das recentes observações em busca de planetas, usando métodos especiais. Sendo assim considerou que a fracção de estrelas com sistemas planetários (fp) era 1/3. Considerando-se que cada sistema tem em média 10 planetas teriamos 1 bilião de mundos diferentes a povoar a nossa Galáxia.

    Dessa enorme quantidade de planetas nem todos terão condições propícias à vida. Vendo o exemplo do nosso Sistema Solar temos a Terra, talvez Marte, Titã e Júpiter (que, mesmo não tendo vida, poderão ter as condições necessárias para o seu desenvolvimento). Consideremos assim que em cada estrela com um sistema de planetas dois deles terão condições para ter vida (ne = 2).

    Condições para a existência de vida não são a garantia que existirá vida em tantos planetas. A vida é algo de extremamente frágil e mesmo com as condições propicias não devem ser assim tantas as hipóteses de se desenvolver, vamos considerar para fl o valor de um 1/3. Somando assim até ao momento 100 mil milhões de planetas habitados algures no tempo, isto é, sem ser em simultâneo.

    Para a evolução de vida inteligente os requisitos serão ainda maiores, a inteligência é um processo bastante complexo e o seu desenvolvimento poderá ser bloqueado de formas análogas a como se pensa que teria sido na Terra pelos Dinossáurios. A evolução técnica de uma civilização também deverá ser um processo complexo e com imensas hipóteses de falha como se pode concluir pelo estudo da história humana. Assim atribui-se para fi x fc o valor de 1/100.

    Resta o valor de FL, a fracção de tempo em que a dita civilização técnica poderá durar. No nosso caso esse valor seria inferior a um milionésimo de 1% (1/10^8), mas não sabemos o que espera a nossa civilização... Consideremos que todas as civilizações técnicas tendem para a autodestruição e consideremos para FL o valor de 1%.

    Após o cálculo correcto com os valores de Carl Sagan obtemos para N o resultado de 10, 10 civilizações técnicas com capacidade de comunicarem umas com as outras existindo ao mesmo tempo. A percentagem de erro em tal cálculo é muito grande, enorme mesmo. Desta forma neste momento poderiam existir mais um punhado de civilizações técnicas com capacidade para comunicar connosco nas Galáxia ou talvez estejamos mesmo sozinhos. A questão continua assim sem resposta, ou pelo menos sem um resposta definitiva.

    De qualquer maneira é algo de positivo não obtermos um resultado inferior a um. De qualquer forma, mesmo sendo o desenvolvimento de um civilização como a nossa seja pouco provável, ainda menos do Carl Sagan considerou, este tipo de civilizações poderá ter uma tendência para "conquistar" a Galáxia como o Homem tem vindo a fazer com a Terra, aumentando assim em muito a probabilidade de vivermos numa Galáxia pejada de vida intiligente... De qualquer forma vale sempre a pena continuar a procurar, porque a verdade anda aí, e talvez um dia consigamos estabelecer o verdadeiro Contacto.

    R.S.T. (versão Internet revista por Tiago Dias)
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